segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Ser Consciente

 Estrada - Graham Hobbs
“O autoconhecimento se torna uma necessidade prioritária na programática existencial da criatura. Quem o posterga, não se realiza satisfatoriamente, porque permanece perdido em um espaço escuro, ignorado dentro de si mesmo”. Joanna de Ângelis, O Ser Consciente, Ed. LEAL, Salvador/BA.
Esmagado por conflitos que não amainam de intensidade, o homem moderno procura mecanismos escapistas, em vãs tentativas de driblar as aflições transferindo-se para os setores do êxito exterior, do aplauso e da admiração social, embora os sentimentos permaneçam agrilhoados e ferreteados pela angústia e pela insatisfação.
As realizações externas podem acalmar as ansiedades do coração, momentaneamente, não porém, erradica-las, razão por que o triunfo externo não apazigua interiormente.

Condicionado para a conquista das coisas, na concepção da meta plenificadora, o indivíduo procura soterrar os conflitos sob as preocupações contínuas, mantendo-os, no entanto, vivos e pulsantes, até quando ressumam e sobrepõem-se a todos os disfarces, desencadeando novos sofrimentos e perturbações devastadoras.
 
O homem pode e deve ser considerado como sendo sua própria mente.
 
Aquilo que cultiva no campo íntimo, ou que o propele com insistência a realizações, constitui a sua essência e legitimidade, que devem ser estudadas pacientemente, a fim de poder enfrentar os paradoxos existenciais — parecer e ser —, as inquietações e tendências que o comandam, estabelecendo os paradigmas corretos para a jornada, liberado dos choques interiores em relação ao comportamento externo.
 
Ignorar uma situação não significa eliminá-la ou superá-la. Tal postura permite que os seus fatores constitutivos cresçam e se desenvolvam, até o momento em que se tornam insustentáveis, chamando a atenção para enfrentá-los.
 
O mesmo ocorre com os conflitos psicológicos. Estão presentes no homem, que, invariavelmente, não lhes dá valor, evitando deter-se neles, analisar a própria fragilidade, de modo a encontrar os recursos que lhe facultem diluí-los.
 
Enraizados profundamente, apresentam-se na consciência sob disfarces diferentes, desde os simples complexos de inferioridade, os narcisismos, a agressividade, a culpa, a timidez, até os estados graves de alienação mental.
 
Todo conflito gera insegurança, que se expressa multifacetadamente, respondendo por inomináveis comportamentos nas sombras do medo e das condutas compulsivas.
Suas vítimas padecem situações muito afugentes, tombando no abandono de si mesmas, quando as resistências disponíveis se exaurem.
 
O ser consciente deve trabalhar-se sempre, partindo do ponto inicial da sua realidade psicológica, aceitando-se como é, e, aprimorando-se sem cessar.
 
Somente consegue essa lucidez aquele que se autoanálise, disposto a encontrar-se sem máscara, sem deterioração. Para isso, não se julga, nem se justifica, não se acusa nem se culpa. apenas descobre-se.
 
À identificação segue-se o trabalho da transformação interior para melhor, utilizando-se dos instrumentos do autoamor, da autoestima, da oração que estimula a capacidade de discernimento, da relaxação que libera das tensões, da meditação que faculta o crescimento interior.

  • O autoamor ensina-o a encontrar-se e desvela os potenciais de força íntima nele jacentes.
  • A autoestima leva-o à fraternidade, ao convívio saudável com o seu próximo, igualmente necessitado.
  • A oração amplia-lhe a faculdade de entendimento da existência e da Vida real.
  • A relaxação proporciona-lhe harmonia, horizontes largos para a movimentação.
  • A meditação ajuda-o a crescer de dentro para fora, realizando-se em amplitude e abrindo-lhe a percepção para os estados alterados de consciência.
O autoconhecimento se torna uma necessidade prioritária na programática existencial da criatura. Quem o posterga, não se realiza satisfatoriamente, porque permanece perdido em um espaço escuro, ignorado dentro de si mesmo.
Foi necessário que surgissem a Psicologia Transpessoal e outras áreas doutrinárias com paradigmas bem definidos a respeito do ser humano integral, para que se pudesse propor à vida melhores momentos e mais amplas perspectivas de felicidade.
A contribuição da Parapsicologia, da Psicobiofísica, da Psicotrônica, ampliou os horizontes do homem, propiciou-lhe o encontro com outras dimensões da vida e possibilidades extrafísicas de realização, que permaneciam soterradas sob os escombros do inconsciente profundo, ou adormecidas nos alicerces da Consciência.
Antes, porém, de todas essas disciplinas psicológicas e doutrinas parapsíquicas, o Espiritismo descortinou para a criatura a valiosa possibilidade de ser consciente, concitando-a ao autoencontro e à autodescoberta a respeito da vida além dos estreitos limites materiais.
Perfeitamente identificado com os elevados objetivos da existência terrestre do ser humano, Allan Kardec questionou os Espíritos Benfeitores.
“Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?” - Eles responderam: “— Um sábio da Antigüidade vo-lo disse. Conhece-te a ti mesmo.” (O Livro dos Espíritos. 29ª edição da FEB. Questão 919).
Comentando a resposta, Santo Agostinho, Espírito, entre outras considerações explicitou:
“... O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhoso julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis se praticada por outra pessoa... “  - E prosseguiu: “... dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros, e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.”
Na análise diária e contínua dos atos, o autoamor será decisivo para a avaliação. A oração e a meditação irão constituir recurso complementar para afixação das conquistas.
 
Quem ora, fala; quem medita, ouve, dispondo dos recursos para exteriorizar-se e interiorizar-se.
 
Há, no entanto, estruturas psicológicas muito frágeis ou assinaladas por distúrbios de comportamento grave. Nesses casos, urge o concurso da Ciência Espírita, com as terapias profundas que dispõe; e, de acordo com a intensidade do distúrbio, torna-se necessária a ajuda do psicoterapeuta, conforme a especificidade do problema, que será equacionado pela Psicologia, pela Psicanálise ou pela Psiquiatria.
 
Em muitos conflitos humanos, entretanto, ocorrem interferências espirituais variadas, gerando quadros de obsessões complexas, para os quais somente as técnicas espíritas alcançam os resultados desejados, por se tratarem, esses agentes perturbadores, de Entidades extracorpóreas, porém portadores dos mesmos potenciais das suas vítimas: sentimentos e emoções, inteligência e lucidez, experiências e vidas. O ser consciente é austero, mas sem carranca; é jovial, porém sem vulgaridade; é complacente, no entanto sem conivência; é bondoso, todavia sem anuência com o erro. Ajuda e promove aquele que lhe recebe o socorro, seguindo adiante sem cobrar retribuição.
 
É responsável, e não se permite o vão repouso enquanto o dever o aguarda. Conhecendo suas possibilidades, coloca-as em ação sempre que necessário, aberto ao amor e ao bem.
 
Só o amadurecimento psicológico, através das experiências vividas, libera a consciência do ser; e, ao consegui-la, ei-lo feliz, conquistando a Terra da Promissão bíblica.
 
Este modesto livro, que ora trazemos à análise do caro Leitor, pretende, sem presunção, auxiliá-lo na conquista da consciência.
Não apresenta qualquer técnica nova ou milagrosa. Estuda algumas problemáticas humanas à luz da Quarta Força em Psicologia, colocando uma ponte na direção da Doutrina Espírita, que é portadora de uma visão profunda e integral do ser.
 
Confiamos que será útil a alguém que se encontre aflito ou fugindo de si mesmo, ajudando-o na solução do seu problema, e isto nos Compensará plenamente.

Salvador, 19 de maio de 1993.
Joanna de Ângelis

 
Prefácio da Obra “O Ser Consciente”, de Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, Editora LEAL, Salvador/BA.

Obs:. Grifos e formatação nossos.

sábado, 28 de maio de 2011

Consciência

     Prezados amigos,

     hoje, dia 28/05/2011, aproveitando o sábado em casa e alguns dias de folga do trabalho, iniciarei um projeto que se encontra em minha pauta de idealizações há vários meses. Tal projeto consiste em realizar um estudo das obras de Joanna de Ângelis, intituladas como "Série Psicológica". Vale ressaltar que atualmente participo das atividades da Fraternidade Espírita Joanna de Ângelis, em Três Lagoas/MS, entidade esta que se dedica ao estudo sistematizado da doutrina espírita com ênfase no processo de autodescobrimento, reforma íntima e autoenfrentamento. Os livros de Joanna de Ângelis estão dentre as obras que alicerçam os trabalhos daquela fraternidade espírita.

     Foi nesta mesma entidade espírita que conheci as obras de Miramez (Fernando Miramez de Olivideo), psicografadas pelo médium João Nunes Maia. Miramez possui um texto claro, objetivo e elegante. Chama-nos ao autoenfrentamento através de reformulação de atitudes e pensamentos. São da lavra deste Mestre as obras Horizontes da Mente, Horizontes da Fala, Horizontes da Vida, Francisco de Assis, Cura-te a ti mesmo, dentre outras, as quais teremos a grata oportunidade de conhecer e estudar nesta página. Como veremos no decorrer deste estudo, tanto Joanna de Ângelis quanto Miramez trabalham com psicologia profunda e análise comportamental, fazendo-nos construir novos posicionamentos ante a vida e mudando comportamentos.

     Trabalhemos a fim de compreender e realizar o que estes grandes espíritos esperam de nós: mudança.

     Fiquemos todos na paz do Grande Cristo.

     André Luiz, Três Lagoas/MS, 28/05/2011.