segunda-feira, 22 de outubro de 2012

COSMOS





Cosmos: Cosmo ou cosmos significa ordem, beleza, organização, harmonia, nomeando o universo em sua totalidade, do microcosmo ao macrocosmo, desde as estrelas até as partículas subatômicas e vem do grego antigo. O microcosmo corresponde ao homem que representa todo o universo, do ponto de vista pessoal e objetivo, e o macrocosmo do ponto de vista coletivo e objetivo.


COMUNHÃO CÓSMICA

De pé sobre a Terra, meu sustentáculo, minha nutriz e minha mãe, elevo o meu olhar para o infinito, sinto-me envolvido pela imensa comunhão da vida; os eflúvios da Alma universal penetram em mim e fazem vibrar meu pensamento e meu coração; forças poderosas me sustentam, avivam em mim a existência.


Por toda a parte para onde minha inteligência alcança, vejo, distingo, contemplo a

 grande harmonia que rege os seres e, através de caminhos diversos, guia-os para um objetivo único e sublime.

Por toda parte, vejo irradiar a bondade, o amor, a justiça!

Ó meu Deus! Ó meu Pai! fonte de toda a sabedoria e de todo o amor, Espírito supremo cujo nome é luz, ofereço-te minhas louvações e minhas aspirações! Que elas subam a ti como perfume de flores, como os odores inebriantes dos bosques sobem para o céu.

Ajuda-me a avançar no caminho sagrado do conhecimento, para uma compreensão mais elevada das tuas leis, a fim de que desenvolva-se em mim mais simpatia, mais amor pela grande família humana. Pois sei que através do meu aperfeiçoamento moral, através da realização, da aplicação ativa em torno de mim e em proveito de todos, da caridade, da bondade, aproximarme-ei de ti e merecerei conhecer-te melhor, comunicar-me mais intimamente contigo na grande harmonia dos seres e das coisas. Ajuda-me a libertar-me da vida material, a compreender, a sentir o que é a vida superior, a vida infinita. Dissipa a escuridão que me envolve; deposita em minha alma uma centelha desse fogo divino que reaquece e abrasa os espíritos das esferas celestes.

Que tua luz suave e, com ela, os sentimentos de concórdia e de paz se espalhem sobre todos os seres!

por Leon Denis - Do livro: O Grande Enigma.

terça-feira, 29 de maio de 2012

CONVITE À ALEGRIA




“Mas eu vos tornarei a ver e o vosso coração se encherá de alegria e essa alegria ninguém vo-la tirará.”
(João: capítulo 16º, versículo 22.)

A constrição dos muitos problemas a pouco e pouco vem deixando ressaibos de amarguras e tens a impressão de que os melhores planos traçados nos painéis da esperança, agora são lembranças que a dura realidade venceu.

Tantos esforços demoradamente envidados pare­cem redundar em lamentáveis escombros.

A fortuna fácil que alguns amigos granjearam e o êxito na ribalta social por outros lobrigado, afir­mam o que consideras o fracasso das tuas aspirações.

Na jornada quotidiana “marcas passos”.
Na disputa das posições segues ladeira acima.
No círculo das amizades cais na “rampa do des­prezo”.
No reduto da família és um “estranho em casa".

Aguilhões e escolhos surgem, multiplicam-se e estás a ponto de desistir.

Mesmo assim, cultiva a alegria.

Sorri ante a dadivosa oportunidade de ascender em espírito, quando outros estacionam ou decaem.

Exulta por dispores do tesouro que é a oportu­nidade feliz de não apenas te libertares das dívidas como também granjeares títulos de enobrecimento in­terior.

Rejubila-te com a honra de liberar-te quando outros se comprometem.

Triunfos e lauréis são antes responsabilidades e empréstimos de que somente poucos, quase raros es­píritos conseguem desincumbir-se sem gravames ou insucessos dolorosos.

O sol que oscula a fonte e rocia a pétala da rosa é o mesmo que aquece o charco e o transforma, em nome do Nosso Pai, como a dizer-nos que o Seu amor nos chega sempre em qualquer situação e lugar em que nos encontremos.

Recorda a promessa de Jesus de voltar a encon­trar-se contigo, dando-te a alegria que ninguém po­derá tomar.

Cultiva, assim, a alegria, que independe das coisas de fora, mas que nasce na fonte cantante e abençoada do solo do coração e verte linfa abundante como rio de paz, por todos os dias até a hora da li­bertação — começo feliz da via por onde seguirás na busca da ventura plena.
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Ângelis, Joana de, Convites da Vida, Capítulo  01, Editora LEAL, Salvador/BA.
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Para meditar: Encontro com Jesus - Técnica de reprogramação mental e meditação assitida, com Divaldo Franco.

http://youtu.be/5v_LfiCd1Ak


sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Que Comeis


Os seres humanos, mesmo com o suprimento que têm em mãos, no que tange à alimentação, comem erradamente. Disse o Divino Mestre: "Buscai e achareis". E a consciência em Cristo nos diz: "Deveis saber buscar".

Ao alcance das nossas mãos estão todos os recursos para a aquisição da nossa felicidade. A chave de tudo está dentro de nós, à espera do toque que a Sabedoria e o Amor podem dar.

O germe vegetal guarda o energismo da planta como tesouro que a Natureza oferta ao espírito em viagem na carne e este, por ignorância, esquece de aproveitá-lo, para seu próprio equilíbrio. Dentro dos grãos esplende a luz do reino vegetal que deve ser extraída com os recursos da boca, onde os dentes e as glândulas têm um papel de suma importância. O corpo humano deve ter uma reserva de forças, para o momento em que o desgaste ultrapassar os limites traçados pela ordem natural e, para tanto, deveis respeitar as leis da natureza.

O homem de bem deve saber o que comer, alimentando-se para viver, sem se deixar levar pelos excessos, Com o correr dos milênios, notar-se-á o quanto mudou o modo de se alimentar e a escolha dos alimentos. O corpo físico obedece ao empuxo evolutivo da alma e esta requer um aparelho mais perfeito e mais sensível para o seu empenho. A alimentação grosseira já não é mais a ideal para esta geração e espíritos de
alta linhagem espiritual descem à Terra para aprimorarem a alimentação dos homens, moldando um futuro de maior alcance, onde tudo viceja o aprimoramento, tanto da alma quanto do corpo.

Eis o momento de voltardes as vistas para os alimentos integrais, extraindo totalmente a energia acumulada nas sementes, nas folhas, nos tubérculos e nos frutos, sem esquecerdes da educação da mente, no momento do repasto.

Hora sagrada, dentre as horas que respeitais, ao comerdes em torno de uma mesa ou onde quer que estejais, cuidai de que o assunto porventura existente, não seja negativo. Certamente, o que comeis é altamente influenciado pelas formas pensamento.

A mente cria o que os sentimentos desejam e, neste caso, o alimento físico recebe uma carga do alimento
mental, em um processo de simbiose que ainda não podeis constatar.

Meu irmão, se quereis vos iniciar na luz da sabedoria espiritual, jbri uma escola de auto-educação e disciplina dos vossos pensamentos e, aprendendo a pensar, dai vôo à vossa força mental, com a dignidade que o Evangelho nos ensina, pelos trilhos de Jesus.

Aprendei a pensar, aprendei a falar e aprendei a comer. A saúde gera alegria e a alegria pura é o amor irradiando-se do coração para o centro de vossa própria vida.

No dia em que estiverdes inquieto e que o nervosismo alterar o vosso modo de ser, suspendei a alimentação, até que a paz volte de novo ao vosso ser. Comer contrariado é alimentar-se de energia deficiente e pobre de luz. O que comeis é sensível ao que pensais e o que falais carrega com muita nitidez os
vossos sentimentos.

A porção de alimento que colocardes em vossa boca deve ser bem triturada, pois, para uma digestão normal e eficiente é indispensável a ação da saliva na preparação do bolo alimentar. Futuramente, a medicina irá se preocupar mais com os alimentos do que com o próprio medicamento, pois os
remédios são usados, atualmente, mais para corrigir os estragos feitos pela ignorância.

Quando a boca sabe comer, o corpo é saudável. Quando a mente sabe pensar, a alma é feliz. Quando as mãos sabem ajudar, o coração é alegre.

Se quereis saber o que comer, meditai, pensai na natureza e observai a vida. Pedi a Deus, que a orientação não faltará.

Felizmente, já se conta com uma vasta literatura em todo o mundo, valorizando as coisas naturais.

Lembrai-vos do que disse o Amigo Maior: "Pedi e obtereis".

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Espírito da Treva





Nota do autor do Blog: Os "Espíritos da Trevas", podem ser comparados aos "diamantes não polidos", que apenas falta o toque do cinzel a lhes dar linda forma, ou, na feliz metáfora de Maria Modesto Cravo, em sua obra "Os Dragões", psicografia de Wanderley Oliveira, Ed. Dufaux: "O diamante no lodo não deixa de ser diamante".


Boa leitura!
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“Depois vai e leva consigo mais sete espíritos piores do que ele, ali entram e habitam”. - Mateus: capítulo 12º, versículo 45

“O Espírito mau espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições”. - ESE: capítulo 10º — Item 6.


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Está em toda parte.

Surge inesperadamente e assume faces de surpresa que produz estados d'alma afligentes, configurando pungentes conflitos que conduzem, não raro, a nefandas conseqüências.

Às vezes, no lar, os problemas se avultam, na ordem moral, desconcertando a paisagem doméstica; no trabalho, discussões inesperadas, por nonadas, tomam aspectos de gravidade, que conduz os contendores a ódios virulentos e perniciosos; nas relações, irrompem incompreensões urdidas nas teias da maledicência, fragmentando velhas amizades que antes se firmavam em compromissos de lealdade fraterna Inamovível; na rua e nas conduções gera inquietações que consomem e lança pessoas infelizes no caminho, provocantes, capazes de atirar por coisas de pequena monta, nos rebordos de abismos profundos, aqueles que defrontam...

É o espírito da treva. Está, sim, em toda parte.

Membro atuante do que constitui as “forças do mal”, que por enquanto ainda assolam a Terra, na atual conjuntura do planeta, irrompe inspirando e agindo, nos múltiplos departamentos humanos, objetivando desagregar e infelicitar as criaturas, no que se compraz.

Espírito estigmatizado pela agonia íntima que sofre, envenenado pelo ódio em que se consome ou revoltado pelo tempo perdido, na vida passada, sintoniza com as imperfeições morais e espirituais do homem, mantendo comércio pernicioso de longo curso.

Está, também, às vezes, encarnado no círculo das afeições. Aqui é o esposo rebelde, a genitora alucinada, a nubente corroída por ciúme injustificável, o filho ingrato, o irmão venal, a filha viciada e ultrajante, a irmã
desassisada; ali é o vizinho irritante, o colega pusilânime, o chefe mesquinho, o amigo negligente, o servidor cansativo, o companheiro hipócrita exigindo atitude de sumo equilíbrio, em convite contínuo à serenidade e à perseverança nos bons propósitos.

Transmite a impressão de que não há lugar para o amor nem o bem, como se a vida planetária fosse uma arbitrária punição e não sublime concessão do Amor Divino, a benefício da nossa redenção.

Como quer que apareça o espírito das trevas, no teu caminho, enfrenta-o simples de coração e limpo de consciência. Não debatas nem te irrites com ele.

Ante os doentes, o medicamento primeiro e mais eficaz é a compaixão que se lhes dá, não levando em conta o que dizem ou fazem por considerar que estão fora da razão e do discernimento, pela ausência da saúde.

Arma-te a todo instante com a prece e põe o capacete da piedade, conduzindo a luz da misericórdia para clarificar o caminho e vencerás em qualquer luta, permanecendo livre face a qualquer das suas ciladas.

E quando, enfraquecido na luta, o espírito da treva estiver a vencer-te após exasperar-te danosamente, quase colimando por empurrar-te ao fosso da insensatez, lembra-te de Jesus e dize:

- Afasta-te de mim, espírito do mal —, e avança sem parar na direção do dever sem olhar para trás.
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Ângelis, Joanna de,  - psicografia de Divaldo Pereira Franco, da obra Florações Evangélicas, Ed. LEAL, Salvador, Bahia.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O Poder da Palavra


   


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Por Miramez, da obra Horizontes da Mente, psicografia de João Nunes Maia.

       A palavra é uma melodia soberana entre as outras. Tem a magia ativa de explicar as demais e a primazia de enriquecer todas as qualidades do homem. Ela é um dom, por excelência, com que Deus premiou as criaturas. O poder da palavra atravessa as fronteiras do entendimento humano, e alcança regiões onde vivem os anjos. Por intermédio da alocução, podemos emitir ondas sonoras psíquicas em harmonia perfeita, de modo a conduzir leis e mensagens como se faz pelo rádio, televisão etc. Todavia, o poder do verbo paira acima dos aparelhos materiais, por encontrar recursos na própria natureza, a qual lhe confere maiores possibilidades de expansão, em todos os seus ângulos de domínio.

É certo que, para esse mister, a alma tem de ser adestrada na ciência da comunicação espiritual, e dominar a energia que usa com toda a dinâmica, a fim de conseguir um rendimento maior no uso da palavra. Os sons, articulados pelos místicos, são como poemas interligados ao ritmo da música, do micro e do macrocosmo. Quando alcança-nos essa sintonia, propomos a nós mesmos a realização de maravilhas.

As antigas iniciações, na Caldéia e no Egito, na Índia e na China, montavam um esquema de educação da palavra, para que o candidato pudesse usá-la como santo e como sábio, como discípulo da verdade e como místico. Alguns deles, ao chegarem em determinada equação na harmonia das coisas, e perceberem a interestrutura dos corpos, conseguiam, com o poder da palavra, desintegrar as formas mais duras da matéria, como também reuni-las na sua área anterior.

A mente tem de ser bem-educada, trabalhando em conexão perfeita com o verbopois são duas correntes de forças que se ajustam para atingir os mesmos fins. Um orador famoso só o é pelo dom, e esse dom é constituído por qualidades exercitadas durante muitas reencarnaçôes, aprimoradas em vidas sucessivas, que lhe outorgaram o completo domínio da palavra e, certamente, das massas que o ouvem.

O intelecto desenvolvido é um acessório de grande utilidade para a harmonia da palavra, facilitando a comunicação com os outros. Ninguém faz o orador, nem o cantor, nem artista algum. Eles já nascem com tais e quais dons, como herança do passado, ao qual estão ligados, pela lei do esforço e do trabalho.

A palavra ritmada na dimensão evangélica tem o poder de curar, de ensinar, de acordar as almas esquecidas do valor de servir. Um exemplo: Jesus, o Mestre dos mestres, na arte divina de usar o verbo, de usar a mente e de usar as mãos, curou milhares de enfermos, levantando dezenas de paralíticos, e fazendo erguerem-se muitos do leito da morte.

E esse poder, verdadeiramente. Ele, o Cristo de Deus, transmite para todas as criaturas, na escola do Evangelho, proporcionando a assimilação dos conceitos nele depositados, como bênçãos dos céus e força de Deus. A evolução espiritual é uma porta que nos abre para a aquisição divina do poder da palavra.

Já notastes o quanto um clínico ajuda um enfermo com uma palavra de ânimo? Já percebestes o poder da palavra de um sacerdote, pastor, ou semelhante, para as massas que escutam, atentamente, com sede de saber e de consolo? De um professor, de um político, ou general? E, acima de tudo, os pais de família? Eis por que ela tem de ser bem estruturada, analisada, selecionada, para depois ser posta em uso, com a cadência da alegria e a postura do amor.

O progresso deve muito à palavra, e a palavra é filha do progresso. 


Antes de falardes a alguém, pensai, em primeiro lugar, na tranquilidade, pois assim injetareis, na estrutura sonora, os vossos sentimentos. E quem vos ouve será envolvido pelos fluidos que projetais, acalmando-lhe os nervos, aliviando-lhe as dores que porventura sentir, dotando-o de paz e tranquilidade consciencial. Eis uma caridade que podereis fazer todos os dias. E o maior beneficiado sereis vós mesmos.

Ao conversardes com um enfermo, não deixeis que ele influencie vossa mente com pensamentos negativos. Arregimentai as vossas forças, pensai na saúde, despertai a alegria no íntimo, vivei um pouco no amor e falai a ele, ou a eles, com toda a convicção de que estais, realmente, transmitindo saúde, alegria e esperança a todo o seu organismo físico e espiritual. Assim, sereis ajudado por inteligências invisíveis, porque elas encontrarão abertas as portas do vosso coração, por serdes úteis aos semelhantes. Eis aí os princípios da ciência de curar, com o bom uso da palavra e com a vigorosa força da mente.


*Grifos nossos.
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Maia, João Nunes, pelo Espírito Miramez, Horizontes da Mente, Editora Fonte Viva, 14ª Edição, 2001

domingo, 23 de outubro de 2011

Vida em Família




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Joanna de Ângelis.


Os filhos não são cópias xerox dos pais, que apenas produzem o corpo, graças aos mecanismos do *atavismo  biológico.

     As heranças e parecenças físicas são decorrências dos gametas, no entanto, o caráter, a inteligência e o sentimento procedem do Espírito que se corporifica pela reencarnação, sem maior dependência dos vínculos genéticos com os progenitores.

     Atados por compromissos anteriores, retornam , no lar, não somente por aqueles seres a quem se ama, senão aqueloutros a quem se deve ou que estão com dívidas...

     Cobradores empedernidos surgem na forma fisiológica, renteando com o devedor, utilizando-se do processo superior das Leis de Deus para o reajuste de contas, no qual, não poucas vezes, se complicam as situações, por indisposições dos consortes.

     Adversários reaparecem como membros da família para receber amor, no entanto, na batalha das afinidades padecem campanhas de perseguição inconsciente, experimentando o pesado ônus da antipatia e da animosidade...

     A família é, antes de tudo, um laboratório de experiências reparadoras, na qual a felicidade e a dor se alternam, programando a paz futura.

     Nem é o grupo de bênção, nem é o élã da desdita.

     Antes, é a escola de aprendizagem e redenção futura.

     Irmãos que se amam, ou se detestam, pais que se digladiam no proscênio doméstico, genitores que destacam uns filhos em detrimentos de outros, ou filhos que agridem ou amparam pais, são espíritos em processo de evolução, retornando ao palco da vida física para a encenação da peça em que fracassaram, no passado.

     A vida é incessante, e a família carnal são experiências transitórias em programação que objetiva a família universal.

                                                                      ***

     Abençoa, desse modo, com paciência e o perdão, o filho ingrato e calceta.

     Compreende com ternura o genitor atormentado que te não corresponde às aspirações.

     Desculpa o esposo irresponsável ou a companheira leviana, perseverando ao seu lado, mesmo que o ser a quem te vinculas queira ir-se adiante.

     Não o retenhas com amarras de ódio ou de ressentimento. Irá além, sim, no entanto, prossegues tu, fiel no posto, e amando...

                                                                       ***

     Não te creias responsável direto na provação que te abate ante o filho limitado física e mentalmente.

      Tu e ele sois comprometidos perante os códigos Divinos pelo pretérito espiritual.

   O teu corpo lhe ofereceu os elementos com que se apresenta, porém, foi ele, o ser espiritual, quem modelou a roupagem no qual comparece para o compromisso libertador.

     Ante o filhinho deficiente não te inculpes. Ama-o mais e completa-lhe as limitações com os teus recursos, preenchendo os vazios que ele experimenta.

     Suas carências são abençoados mecanismos de crescimento eterno.

     Faze por ele, hoje, o que descuidaste antes.

     A vida em família é oportunidade sublime que não deve ser descuidada ou malbaratada.

                                                                          ***

     Com muita propriedade e irretorquível sabedoria, afirmou Jesus, ao doutor da Lei: "Ninguém entrará no Reino dos Céus se não nascer de novo."

     E a Doutrina Espírita estabelece com segurança: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre - tal é a Lei. Fora da caridade não há salvação."
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*Vocabulário:


1- atavismo: s. m.

   1. Propriedade de os seres reprodutores comunicarem aos seus descendentes, com intervalo de geração, qualidades ou defeitos que lhe eram particulares.

   2. Semelhança com os antepassados.


2- empedernido adj.

   1. Convertido em pedra.

   2. Que endureceu.

   3. [Figurado]  Insensível, contumaz

3- rentear v.t.
       1. Cortar ou tosquiar rente (cabelo ou pêlo); 

        2. Passar rente a.


4- elã (francês élans. m.
  1. Impulso.

  2. Sentimento de energia e entusiasmo


5- proscênio s. m.

1. Frente do palco, junto à ribalta.

2. [Por extensão]  Palco; cena.
  » Grafia em Portugal: proscénio

     
 6- Calceta (ê) s.m.
    1. O condenado a trabalhos forçados.
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Ângelis, Joanna de, do livro Otimismo, capítulo 57, Ed. LEAL, Salvador/BA, psicografia de Divaldo Pereira Franco.

sábado, 15 de outubro de 2011

Porque o Perdão

     
     O perdão é um fato, sem que a discussão se apodere do assunto, pois se fundamenta no amor e é sustentado pela caridade*, sem ultrajar a lei da justiça. As susceptibilidades inflamadas perguntam: por que o perdão? Não é justo que defendamos nossa moral, nossos interesses, como fazemos com nosso próprio corpo? A displicência foge à regra. Não negamos que sejamos defendidos, e que a razão se ocupe com a vigilância e forme métodos de defesa, que haveremos de usar. Esta é a nossa posição diante do ofensor.

     Se usarmos o revide para com aqueles que nos atacam, entramos na mesma sintonia da agressão e respiramos o mesmo magnetismo toldado pelo ódio e pela vingança. Perdoar as ofensas e isolar-se dos fluídos inferiores projetados em nós, sem dúvida, é ter serenidade na consciência, pela confiança adquirida através das qualidades conquistadas; é ter certeza, na lei universal, de que somente recebemos o que damos. 

     O perdão anunciado pelo verbo, sem que o coração participe, não deixa de ser o prenúncio da desculpa. Porém, o mundo interior não sente os efeitos desejados no enervante estado psíquico, pela apropriação da maldade na alma. A limpeza interna só é feita com recursos íntimos, que a verdade fornece, e carece de muito exercício para que o hábito se solidifique.

    A glândula que controla as emoções, serenando ou agitando o sangue, inflama-se com determinados pensamentos, vicia-se, e começa automaticamente a perturbar o organismo, ou a colocá-lo na mais elevada serenidade. Se alimentamos ideias de ódio e de vingança, elas, primeiramente, com vibrações sutilíssimas, vasculham todo o nosso cosmo celular, queimando a força vital, desnutrindo-nos e, ao passar pêlos centros energéticos, desencadeiam um mundo de distúrbios, de modo a fazer a alma sofrer as consequências daquilo que provocou.

     Eis porque tornamos a falar em "por que o perdão". Quem pratica a indulgência é o primeiro a ser beneficiado. O misericordioso é invadido pela paz. Os espíritos superiores têm uma serenidade imperturbável, fruto de um perdão incondicional e permanente Assim como a luz de uma lâmpada, para atingir o exterior, tem primeiro de passar pelo material transparente que lhe garanta ambiente refletor, a luz do espírito, a força mental dos pensamentos, antes de ganhar o mundo exterior, é filtrada por vários corpos que lhe garantem, igualmente, o ambiente para viver e progredir. E se nós plasmamos o bem, nessa força ideoplástica, pelo perdão, pela caridade e pelo amor, somos agraciados em primeira mão. Se invertermos essas correntes de luz pelo envenenamento dos nossos sentimentos, a escória mais grossa ficará no fundo da bateia da carne, como alimento indigesto.

     Quem perdoa e fala demais desse gesto natural, buscando elogios, está movido, talvez sem o saber, pela onda ilusória da vaidade. "Como o perdão é dificil..." !

    Também achamos. Não obstante, quem aprendeu a perdoar jamais se esquecerá, por sentir os efeitos de felicidade que advêm desse ato.


Quem pratica a indulgência é o primeiro a ser beneficiado.


*Grifos nossos.
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Maia, João Nunes, pelo Espírito Miramez, Horizontes da Mente, Editora Fonte Viva, 14ª Edição, 2001, capítulo 21, págs. 83-85

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Silêncio

"Reserva-te o prazer do silêncio, diariamente, por alguns momentos".
      

        Aumenta volumosamente a balbúrdia no mundo.

        Não há respeito pelo silêncio.

        A barulheira aturde a criatura humana, cuja constituição física e emocional apresenta limites para a zoada, em face dos decibéis suportáveis.

        Como conseqüência, as pessoas perderam o tom de equilíbrio nas conversações, nos momentos de júblio, nas comunicações fraternais.

        Grita-se, quando se deveria falar, produzindo uma competição de ruídos e de vozes que perturbam o discernimento e retiram a harmonia interior.

         As pessoas engalfinham-se em competir na emissão do volume de voz, tornando as conversações desagradáveis e agressivas.

         Quando se fala em tonalidade normal, já não se ouve, em face do hábito enfermiço do vozerio.

          Esteja-se no lar, no restaurante, na oficina de trabalho, no clube, em qualquer lugar público, e torna-se quase impossível uma conversação agradável e produtiva.

           As músicas deixam, a pouco e pouco, de ser harmônicas para se apresentarem ruidosas, sem nenhum sentido estético, expressando os conflitos e as desordens emocionais dos seus autores, numa tormentosa conspiração para o desaparecimento do sentido de equilíbrio da vida humana.

         Os diálogos mais parecem discussões calorosas em que se debate com ardor, em competição injustificável e tormentosa, do que propriamente uma conversa prazerosa.

A voz é instrumento delicado e de alta importância na existência humana.

Sendo o único animal que consegue articular palavras, o ser humano deve utilizar-se do aparelho fônico na condição de instrumento precioso, e de cujo uso dará contas à Consciência Cósmica que lhe concedeu admirável tesouro.

Jesus, o Sublime Comunicador, cuja dúlcida voz inebriava de harmonia as multidões, viveu cercado sempre pelas massas.

Sofreu-as, compadeceu-Se delas, mas não Se deixou aturdir pela sua insânia e necessidade.

Logo depois de as atender, recolhia-Se ao silêncio, fugindo do bulício, a fim de penetrar-Se mais pelo amor do Pai, renovando os sentimentos de misericórdia e de compreensão.

Procedia dessa forma, a fim de que o cansaço, que surge na balbúrdia, não lhe retirasse a ternura das palavras e das ações.

*   *   *

Necessitas, sim, de silêncio interior, para melhores reflexões e programações dignificantes em qualquer área do comportamento em que te encontres.

Aprende a calar e a meditar, a harmonizar-te e a não perder a seriedade na multidão desarvorada e falante.

Os grandes sábios do Cosmos sempre souberam silenciar.

Silenciar em oração perante as necessidades do outro. Silenciar em respeito ao sofrimento alheio.

Silenciar em consideração às idéias divergentes. Silenciar a vingança diante dos males recebidos.

É no mundo do silêncio que construímos as palavras edificantes que sairão de nossa boca.

É no mundo sem voz que elaboramos o canto que logo mais irá encantar ouvintes numa sala de concertos.

É no mundo do silêncio que embalamos nossos amores, que pensamos em melhorar, reformar e transformar.

Assim, saibamos dosar o silêncio em nossas vidas, evitando que a balbúrdia e a loucura se instalem.

Saibamos usar a voz com cuidado, a cada pronunciar de palavra, assim como o concertista o faz na interpretação de uma ópera.

A música elevada, assim como a vida, é feita de som, mas também de silêncio.

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Redação do Momento Espírita com base no cap. Silêncio,
 do livro Jesus e Vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

     

domingo, 26 de junho de 2011

Horizontes da Mente

imagesCAYWOLCA

     Existe um dito popular que acentua, com propriedade: "mente sã, corpo são".


     Verdadeiramente, apoiamos essa assertiva, por se fundamentar, com todos os rigores, na lei da justiça e do amor. O homem de amanhã, juntamente com o progresso, apresentar-nos-á os novos horizontes da mente, reconhecendo nela o energismo divino, de onde programa todo o comando para o corpo físico e todo equilíbrio para os centros de força, encravados no corpo espiritual. A autoeducação da mente é como portas que se abrem, ensejando à alma esperanças indescritíveis.


     O complexo humano é cópia perfeita do universo, obedecendo às mesmas leis, de acordo com a sua estrutura, função e tarefa perante a vida. O espírito nunca sentirá paz na consciência, enquanto desconhecer a si mesmo, o que, de certa forma, é Deus frente a frente, convidando-o para as belezas da vida. A argamassa fisiológica se apoia em uma rede de glândulas, principalmente as de secreção interna que, por vias diretas, enriquecem o sangue de vitalidade, para que o espírito encarnado encontre a harpa afinada no sentido de dedilhá-la com desembaraço e, como maestro, harmonize todos os órgãos em uma só dimensão de ideal, com variados tons, para que a sinfonia orgânica alcance a plenitude do equilíbrio e da paz.


     Contudo, os astros endócrinos, nos céus da forma física, têm profundas ligações com os chacras desenvolvidos no corpo espiritual, de alta função divina e terrena, pois eles são como duplicatas das sete glândulas de maior responsabilidade no corpo. E a mente representa o comandante, o chefe no topo da cruz humana, pousada como pássaro celestial no maior computador do mundo, o cérebro, distribuindo ordens, analisando conceitos, ampliando e estimulando a química orgânica, encorajando altos interesses pelo progresso e por meios ainda desconhecidos da Terra, eternizando as leis de Deus nos escaninhos do próprio ser.


     Eis que os horizontes da mente são inconcebíveis, por enquanto, perdendo-se na noite dos séculos e milênios, apoiando-se no grande ser que denominamos Deus.


     A disfunção do mundo glandular provocará em vós inúmeras enfermidades, que a medicina, até hoje, procura debelar com poucos resultados; e estes, quase sempre nas pautas da transitoriedade. A ciência do futuro, no que diz respeito à saúde do corpo físico, está marcada para uma radical transformação de conceitos, de ética profissional e de diretrizes, no tocante aos métodos para os tratamentos.


     Surge um novo sol na psiquiatria, com uma profusão de remodelações, tendo na mente a responsável direta por todas as enfermidades, o germe de todos os desequilíbrios do vaso físico. O problema fundamental, em primeiro plano, vai ser educar e, depois, instruir os indivíduos sobre como usar a faculdade de pensar, a maior força de todos os planos da existência.


     O medo em demasia abaixa a vibração do energismo espiritual, retarda os centros de força e desequilibra a função glandular, que projeta veneno de todas as espécies no sistema nervoso e alcança todo o mundo celular. A ordem para a química do metabolismo é igualmente, deturpada. A coragem com excesso, que sai das linhas da fraternidade, também é responsável por distúrbios maléficos ao organismo e, nesta seqüência, poderemos enumerar a maledicência, a vingança, o orgulho, a dúvida, a infidelidade, a maldade, o ciúme, etc..


     Por isso, colocamos o Cristo como o sol das nossas vidas. Encontraremos no Evangelho os métodos mais simples e os meios mais fáceis, preceitos que nos levarão à verdadeira saúde do corpo e da alma. Já presenciamos pessoas melhorarem muito de saúde, pela concessão de um simples perdão.

     Vamos condicionar a nossa mente a bons pensamentos, para que estes tomem formas e levem a vitalidade a todo o organismo, sem queima do divino que nos liberta, revigorando todas as nossas atitudes no bem. Pensar e falar sempre na saúde. Pensar e comentar assuntos de alegria pura. O humorismo sadio é portador de esperanças e de paz. As boas maneiras, a decência, a cordialidade, o equilíbrio das emoções, tudo isto são toques de compensação funcional do corpo, que nascem na mente, passam pêlos centros de força, ganhando amplitude nas glândulas que fornecem vitalidade hormonal a todos os departamentos somáticos.


     A felicidade se inicia no pensamento. O trabalho é vosso. Começai e sereis ajudado por Deus.
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Da obra Horizontes da Mente, Espírito Miramez, Médium João Nunes Maia, 14ª Ed., 2001, Ed. Espírita Cristã Fonte Viva
Todos os Direitos Reservados – Belo Horizonte/MG.
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segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Ser Consciente

 Estrada - Graham Hobbs
“O autoconhecimento se torna uma necessidade prioritária na programática existencial da criatura. Quem o posterga, não se realiza satisfatoriamente, porque permanece perdido em um espaço escuro, ignorado dentro de si mesmo”. Joanna de Ângelis, O Ser Consciente, Ed. LEAL, Salvador/BA.
Esmagado por conflitos que não amainam de intensidade, o homem moderno procura mecanismos escapistas, em vãs tentativas de driblar as aflições transferindo-se para os setores do êxito exterior, do aplauso e da admiração social, embora os sentimentos permaneçam agrilhoados e ferreteados pela angústia e pela insatisfação.
As realizações externas podem acalmar as ansiedades do coração, momentaneamente, não porém, erradica-las, razão por que o triunfo externo não apazigua interiormente.

Condicionado para a conquista das coisas, na concepção da meta plenificadora, o indivíduo procura soterrar os conflitos sob as preocupações contínuas, mantendo-os, no entanto, vivos e pulsantes, até quando ressumam e sobrepõem-se a todos os disfarces, desencadeando novos sofrimentos e perturbações devastadoras.
 
O homem pode e deve ser considerado como sendo sua própria mente.
 
Aquilo que cultiva no campo íntimo, ou que o propele com insistência a realizações, constitui a sua essência e legitimidade, que devem ser estudadas pacientemente, a fim de poder enfrentar os paradoxos existenciais — parecer e ser —, as inquietações e tendências que o comandam, estabelecendo os paradigmas corretos para a jornada, liberado dos choques interiores em relação ao comportamento externo.
 
Ignorar uma situação não significa eliminá-la ou superá-la. Tal postura permite que os seus fatores constitutivos cresçam e se desenvolvam, até o momento em que se tornam insustentáveis, chamando a atenção para enfrentá-los.
 
O mesmo ocorre com os conflitos psicológicos. Estão presentes no homem, que, invariavelmente, não lhes dá valor, evitando deter-se neles, analisar a própria fragilidade, de modo a encontrar os recursos que lhe facultem diluí-los.
 
Enraizados profundamente, apresentam-se na consciência sob disfarces diferentes, desde os simples complexos de inferioridade, os narcisismos, a agressividade, a culpa, a timidez, até os estados graves de alienação mental.
 
Todo conflito gera insegurança, que se expressa multifacetadamente, respondendo por inomináveis comportamentos nas sombras do medo e das condutas compulsivas.
Suas vítimas padecem situações muito afugentes, tombando no abandono de si mesmas, quando as resistências disponíveis se exaurem.
 
O ser consciente deve trabalhar-se sempre, partindo do ponto inicial da sua realidade psicológica, aceitando-se como é, e, aprimorando-se sem cessar.
 
Somente consegue essa lucidez aquele que se autoanálise, disposto a encontrar-se sem máscara, sem deterioração. Para isso, não se julga, nem se justifica, não se acusa nem se culpa. apenas descobre-se.
 
À identificação segue-se o trabalho da transformação interior para melhor, utilizando-se dos instrumentos do autoamor, da autoestima, da oração que estimula a capacidade de discernimento, da relaxação que libera das tensões, da meditação que faculta o crescimento interior.

  • O autoamor ensina-o a encontrar-se e desvela os potenciais de força íntima nele jacentes.
  • A autoestima leva-o à fraternidade, ao convívio saudável com o seu próximo, igualmente necessitado.
  • A oração amplia-lhe a faculdade de entendimento da existência e da Vida real.
  • A relaxação proporciona-lhe harmonia, horizontes largos para a movimentação.
  • A meditação ajuda-o a crescer de dentro para fora, realizando-se em amplitude e abrindo-lhe a percepção para os estados alterados de consciência.
O autoconhecimento se torna uma necessidade prioritária na programática existencial da criatura. Quem o posterga, não se realiza satisfatoriamente, porque permanece perdido em um espaço escuro, ignorado dentro de si mesmo.
Foi necessário que surgissem a Psicologia Transpessoal e outras áreas doutrinárias com paradigmas bem definidos a respeito do ser humano integral, para que se pudesse propor à vida melhores momentos e mais amplas perspectivas de felicidade.
A contribuição da Parapsicologia, da Psicobiofísica, da Psicotrônica, ampliou os horizontes do homem, propiciou-lhe o encontro com outras dimensões da vida e possibilidades extrafísicas de realização, que permaneciam soterradas sob os escombros do inconsciente profundo, ou adormecidas nos alicerces da Consciência.
Antes, porém, de todas essas disciplinas psicológicas e doutrinas parapsíquicas, o Espiritismo descortinou para a criatura a valiosa possibilidade de ser consciente, concitando-a ao autoencontro e à autodescoberta a respeito da vida além dos estreitos limites materiais.
Perfeitamente identificado com os elevados objetivos da existência terrestre do ser humano, Allan Kardec questionou os Espíritos Benfeitores.
“Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?” - Eles responderam: “— Um sábio da Antigüidade vo-lo disse. Conhece-te a ti mesmo.” (O Livro dos Espíritos. 29ª edição da FEB. Questão 919).
Comentando a resposta, Santo Agostinho, Espírito, entre outras considerações explicitou:
“... O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhoso julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis se praticada por outra pessoa... “  - E prosseguiu: “... dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros, e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.”
Na análise diária e contínua dos atos, o autoamor será decisivo para a avaliação. A oração e a meditação irão constituir recurso complementar para afixação das conquistas.
 
Quem ora, fala; quem medita, ouve, dispondo dos recursos para exteriorizar-se e interiorizar-se.
 
Há, no entanto, estruturas psicológicas muito frágeis ou assinaladas por distúrbios de comportamento grave. Nesses casos, urge o concurso da Ciência Espírita, com as terapias profundas que dispõe; e, de acordo com a intensidade do distúrbio, torna-se necessária a ajuda do psicoterapeuta, conforme a especificidade do problema, que será equacionado pela Psicologia, pela Psicanálise ou pela Psiquiatria.
 
Em muitos conflitos humanos, entretanto, ocorrem interferências espirituais variadas, gerando quadros de obsessões complexas, para os quais somente as técnicas espíritas alcançam os resultados desejados, por se tratarem, esses agentes perturbadores, de Entidades extracorpóreas, porém portadores dos mesmos potenciais das suas vítimas: sentimentos e emoções, inteligência e lucidez, experiências e vidas. O ser consciente é austero, mas sem carranca; é jovial, porém sem vulgaridade; é complacente, no entanto sem conivência; é bondoso, todavia sem anuência com o erro. Ajuda e promove aquele que lhe recebe o socorro, seguindo adiante sem cobrar retribuição.
 
É responsável, e não se permite o vão repouso enquanto o dever o aguarda. Conhecendo suas possibilidades, coloca-as em ação sempre que necessário, aberto ao amor e ao bem.
 
Só o amadurecimento psicológico, através das experiências vividas, libera a consciência do ser; e, ao consegui-la, ei-lo feliz, conquistando a Terra da Promissão bíblica.
 
Este modesto livro, que ora trazemos à análise do caro Leitor, pretende, sem presunção, auxiliá-lo na conquista da consciência.
Não apresenta qualquer técnica nova ou milagrosa. Estuda algumas problemáticas humanas à luz da Quarta Força em Psicologia, colocando uma ponte na direção da Doutrina Espírita, que é portadora de uma visão profunda e integral do ser.
 
Confiamos que será útil a alguém que se encontre aflito ou fugindo de si mesmo, ajudando-o na solução do seu problema, e isto nos Compensará plenamente.

Salvador, 19 de maio de 1993.
Joanna de Ângelis

 
Prefácio da Obra “O Ser Consciente”, de Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, Editora LEAL, Salvador/BA.

Obs:. Grifos e formatação nossos.