segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Silêncio

"Reserva-te o prazer do silêncio, diariamente, por alguns momentos".
      

        Aumenta volumosamente a balbúrdia no mundo.

        Não há respeito pelo silêncio.

        A barulheira aturde a criatura humana, cuja constituição física e emocional apresenta limites para a zoada, em face dos decibéis suportáveis.

        Como conseqüência, as pessoas perderam o tom de equilíbrio nas conversações, nos momentos de júblio, nas comunicações fraternais.

        Grita-se, quando se deveria falar, produzindo uma competição de ruídos e de vozes que perturbam o discernimento e retiram a harmonia interior.

         As pessoas engalfinham-se em competir na emissão do volume de voz, tornando as conversações desagradáveis e agressivas.

         Quando se fala em tonalidade normal, já não se ouve, em face do hábito enfermiço do vozerio.

          Esteja-se no lar, no restaurante, na oficina de trabalho, no clube, em qualquer lugar público, e torna-se quase impossível uma conversação agradável e produtiva.

           As músicas deixam, a pouco e pouco, de ser harmônicas para se apresentarem ruidosas, sem nenhum sentido estético, expressando os conflitos e as desordens emocionais dos seus autores, numa tormentosa conspiração para o desaparecimento do sentido de equilíbrio da vida humana.

         Os diálogos mais parecem discussões calorosas em que se debate com ardor, em competição injustificável e tormentosa, do que propriamente uma conversa prazerosa.

A voz é instrumento delicado e de alta importância na existência humana.

Sendo o único animal que consegue articular palavras, o ser humano deve utilizar-se do aparelho fônico na condição de instrumento precioso, e de cujo uso dará contas à Consciência Cósmica que lhe concedeu admirável tesouro.

Jesus, o Sublime Comunicador, cuja dúlcida voz inebriava de harmonia as multidões, viveu cercado sempre pelas massas.

Sofreu-as, compadeceu-Se delas, mas não Se deixou aturdir pela sua insânia e necessidade.

Logo depois de as atender, recolhia-Se ao silêncio, fugindo do bulício, a fim de penetrar-Se mais pelo amor do Pai, renovando os sentimentos de misericórdia e de compreensão.

Procedia dessa forma, a fim de que o cansaço, que surge na balbúrdia, não lhe retirasse a ternura das palavras e das ações.

*   *   *

Necessitas, sim, de silêncio interior, para melhores reflexões e programações dignificantes em qualquer área do comportamento em que te encontres.

Aprende a calar e a meditar, a harmonizar-te e a não perder a seriedade na multidão desarvorada e falante.

Os grandes sábios do Cosmos sempre souberam silenciar.

Silenciar em oração perante as necessidades do outro. Silenciar em respeito ao sofrimento alheio.

Silenciar em consideração às idéias divergentes. Silenciar a vingança diante dos males recebidos.

É no mundo do silêncio que construímos as palavras edificantes que sairão de nossa boca.

É no mundo sem voz que elaboramos o canto que logo mais irá encantar ouvintes numa sala de concertos.

É no mundo do silêncio que embalamos nossos amores, que pensamos em melhorar, reformar e transformar.

Assim, saibamos dosar o silêncio em nossas vidas, evitando que a balbúrdia e a loucura se instalem.

Saibamos usar a voz com cuidado, a cada pronunciar de palavra, assim como o concertista o faz na interpretação de uma ópera.

A música elevada, assim como a vida, é feita de som, mas também de silêncio.

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Redação do Momento Espírita com base no cap. Silêncio,
 do livro Jesus e Vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

     

3 comentários:

  1. Muito interessante a abordagem da Doutrina espírita em seu aspecto filosófico e moral. Joanna de Ângelis é espirito iluminado e seus livros benditos faróis a iluminar caminhos...
    Um abraço.

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  2. Realmente Jeanne, a Doutrina Espírita é repleta de lições primorosas para nosso engrandecimento e correção de rota. Joanna de Ângelis, através de suas obras, demonstra claramente, tal qual bússola, o norte correto.

    Abração!

    André.

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  3. Olá André, a respeito desse artigo sobre silêncio, eu como educadora sei bem o que é a falta dele, e a importância do silêncio em nossas vidas para auto conhecimento e reflexão. Parabéns pelas palavras!!

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